INFORMAÇÃO E EVANGELIZAÇÃO

ENTREVISTA

BISPO OSÓRIO MARCOS
Líder da Igreja Tocoísta Anciãos e Conselheiros da Direcção Central (INSJCM-ACDC)
“A SAUDÁVEL CONVIVÊNCIA ENTRE TODOS
BASEIA-SE NO PRINCÍPIO DE RESPEITO
A DIFERENÇA”
N. Talapaxi S. - 15/Setembro/ de 2019 NoFimDoTexto
Ele está a frente da congregação tocoísta intitulada "Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo no Mundo - Anciãos e Conselheiros da Direcção Central” (INSJCM-ACDC), com a sede no Bairro do Palanca, em Luanda – embora a Paróquia Nova Jerusalém, em Cacuaco, seja o mais famoso reduto da denominação. Aproveitando as comemorações dos 70 anos da Igreja – assinalados neste ano, como pano de fundo, mantivemos com ele uma longa conversa, facilitada pelas novas tecnologias de comunicação.
E assim falamos de tudo um pouco: sobre o conceito de Tocoísmo, sobre as reformas na Igreja, a sua expansão; sobre a relação dele com o profeta Simão Gonçalves Toco e os mensageiros que surgiram em nome do profeta. E, entre outros assuntos mais, não poderíamos deixar de falar também sobre os desmembramentos e divisões que a Igreja Tocoísta tem sofrido desde o desaparecimento físico do profeta e o caminho possível para a reunificação dos tocoístas. Eis a conversa com o bispo Osório Marcos.
TOCOÍSMO
“É impossível haver tocoístas fora do Tocoísmo”
Universo Tocoísta (UT) - O que é o Tocoísmo e como classifica o Tocoísmo no universo do cristianismo?
Bispo Osório Marcos (BOM) - Tocoísmo é uma palavra que deriva de Toco, cujo nome completo é Simão Gonçalves Toco, aquele que, por seu intermédio, Deus relembrou a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo no Mundo. Portanto, Tocoísmo é uma doutrina baseada no Evangelho de Jesus Cristo, cuja mensagem procura estender o Reino de Deus, mediante adoração a Deus. Ao mesmo tempo, convida homens e mulheres a aceitarem as boas novas para a edificação e crescimento espiritual com o objetivo de alcançar o Reino de Deus.
UT - Existem tocoístas fora do Tocoísmo?
BOM - Eu creio que não. Não, porque tocoístas são todos os membros da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo no Mundo, que foram apelidados de tocoístas por causa do nome do seu dirigente - Simão Gonçalves Toco. Portanto, é impossível haver tocoístas fora do Tocoísmo. Ou seja, tocoísta sem ser tocoísta; [sem} pertencer ao Tocoísmo. Uma coisa interliga a outra.
UT - Simpatizantes, defensores do Tocoísmo e aqueles que, de um modo geral, contribuam de alguma forma, para o estabelecimento, o engrandecimento do Tocoísmo, mas que não sejam membros da Igreja Tocoísta, como podem ser considerados?
BOM - Aqueles que, nesse exemplo concreto, são apenas simpatizantes, são mesmo simpatizantes - não são tocoístas. Podem ser amigos dos tocoístas – sim, senhor! Mas tocoístas? - não podem ser.
70 ANOS DA INSJCM
“Renovação do compromisso na nova etapa
da caminhada com Deus”
UT - Como foi e quais foram os principais destaques da programação das festividades dos 70 anos na Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo no Mundo (INSJCM) – Os Tocoístas, dirigida pelo bispo Osório Marcos?
BOM - As festividades seguem até agora. Tiveram como lema: “70 anos na preservação da aliança com Deus”. E têm como essência a adoração e agradecimento a Deus, pela condução e proteção da Igreja - e a todos os fiéis - durante todo o percurso, assim como a renovação do compromisso na nova etapa da caminhada com Deus. Esta acção de gratidão teve a duração de cinco dias consecutivos, com uma programação que consistiu em sessões de palestras que visaram explicar o histórico das alianças com Deus; de Deus com o homem; as suas consequências; a Descida do Espírito Santo em África, em resposta ao pedido de Sua Santidade Simão Gonçalves Toco. Destacamos também, durante as festividades, os nossos programas de formação teológica, com apresentação feita pelos teólogos do instituto (a Igreja tem um centro de formação de obreiros denominado Instituto Teológico Simão Gonçalves Toco), enfatizando a necessidade, cada vez maior, de obreiros qualificados para levar a cabo o trabalho da igreja. As festividades centrais ocorreram de 14 a 18 de Agosto de 2019, na Paróquia Nova Jerusalém, que fica em Cacuaco. Outro momento - não menos importante - foi o das homenagens. Tivemos a oportunidade de homenagear vários fiéis, em diversas categorias, como Dedicação à Obra, Defesa da Igreja, Firmeza e Confiança em Deus, Preservação, e Heróis da Fé. Foram igualmente lembrados e homenageados, a título póstumo, os irmãos que, tendo terminado a sua missão terrena, partiram e descansam já na “casa do Pai”.
UT - Num encontro realizado no Brasil, na sede da OMEBE (Ordem dos Ministros Evangélicos no Brasil e no Exterior) no Rio de Janeiro, tinha ficado expresso que uma comitiva de brasileiros estaria em Luanda nas comemorações do 25 de Julho. Como é que foi a participação deles?
BOM - Foi uma participação extremamente positiva. A OMEBE esteve representada nas comemorações dos 70 anos da relembrança da Igreja com uma comitiva composta por cinco responsáveis: o reverendo doutor Osias José Dutra da Rosa, ministro presbiteriano e responsável da delegação; o bispo João Carlos de Oliveira; a missionária Claudete Campos Correia; a missionária doutora, Nadir Teixeira; e o evangelista doutor, Daniel Montanha Mendes.
EXPANDINDO-SE NO EXTERIOR
“A INSJCM foi registada oficialmente no Brasil
no dia 19 de Junho de 2007”
UT - Daquele mesmo encontro, soubemos que a INSJCM, sob a direção do bispo Osório Marcos, já está registada oficialmente no Brasil, no Estado do Rio de Janeiro. Confirma?
BOM - Confirmo, sim. A INSJCM foi registada oficialmente no Brasil no dia 19 de Junho de 2007. Portanto, está em pleno funcionamento no Estado do Rio de Janeiro. Ela tem sido muito bem recebida, sim, senhor. O Brasil é um país cristão. A INSJCM é igreja cristã. Teve uma repercussão muito positiva. Mas, neste momento, estamos apenas no Estado do Rio de Janeiro, mais concretamente na cidade do Rio de Janeiro.
UT - E como está a evangelização cristã tocoísta em outras partes do mundo, sob a vossa direcção?
BOM - Sim! A expansão do Tocoísmo em outros países tem merecido uma atenção especial. A nossa preocupação na expansão enquadra-se mais no sentido de convencermos os nativos, os naturais de cada país, de cada localidade - esses, sim! Há casos em que considera-se, por exemplo, expansão, quando alguns irmãos angolanos residentes temporariamente num determinado país, em estudo ou qualquer coisa assim... classifica-se que: “temos igrejas espalhadas em diversos países”. Não é o nosso caso; independentemente dessa necessidade. Aqueles que por qualquer razão (razão de estudo ou motivo de trabalho) passam a residir nos outros países, o trabalho que devem fazer é no sentido de converter para o Tocoísmo os nativos. Para que esses possam assegurar naturalmente a Igreja. E é com esses que se deve fazer o registo [da Igreja] neste ou naquele país. Para dizer, resumidamente, que temos – sim! - representação em outros países; para além do Brasil, no caso concreto da Namíbia, enfim e outros. A linha de expansão do evangelho da mensagem Tocoísta tem sido mais ou menos dentro dessa base.
UT - Tem mais ou menos uma estimativa do tanto de pessoas nativas que já possam estar fazendo parte do Tocoísmo lá fora?
BOM - Mais concretamente, no Brasil?
UT - No geral. Pegando o Brasil, a Namíbia e outras localidades.
BOM - No caso concreto da Namíbia temos aproximadamente trezentos, trezentos e poucos membros. No Brasil, no Estado do Rio de Janeiro, temos acima de 170, um pouco mais de 200, duzentos e pouco. Portanto, esse é o número que temos de nativos nos respectivos países.
REFORMAS NA IGREJA
“Episcopado é o sistema de governo
que a Igreja adoptaria com o evoluir do tempo”
UT - Agora já há o cargo de bispo na igreja, e há paróquias; elementos que não existiam antes do desaparecimento físico do profeta Simão Gonçalves Toco. Considera que há um novo conceito de Tocoísmo e uma nova estruturação administrativa da Igreja acontecendo?
BOM - Não senhor! Não há nenhum novo conceito do Tocoísmo, nem uma nova estruturação administrativa. O que existe é a Igreja a acompanhar a dinâmica que o próprio tempo exige. A Igreja precisa adequar-se aos tempos. É errado pensar, ou exigir, que toda a estrutura da Igreja que existe hoje, surgisse também já no dia 25 de Julho [de 1949], data da relembrança da Igreja. Mesmo com a presença do fundador, vários trabalhos, várias reformas, foram aplicadas, à medida que o próprio tempo permitiu. Por exemplo, as classes ou as paróquias foram criadas sob orientação ainda do Dirigente da Igreja, durante o período em que esteve desterrado no Sul de Angola. O cargo de bispo surgiu depois do desaparecimento físico do Dirigente em cumprimento a uma das várias orientações deixadas escritas acerca do sistema de governo que a igreja adoptaria com o evoluir do tempo. Nesse caso concreto, o episcopado. Isso através da carta de 16 de Maio de 1973. Da mesma forma, apesar de a relembrada da Igreja registar-se a 25 de Julho de 1949, os primeiros pastores, na INSJCM, só foram consagrados em 1975, nomeadamente o pastor Cutendana João e o amado pastor Vemba Ambrósio. As reformas em cursos, ou outras que a seu tempo poderão ser aplicadas, muitas delas já foram anunciadas e orientadas pelo Dirigente nas suas várias epístolas. Como é o caso, por exemplo, em 1973, houve uma circular onde anunciava a reforma da Igreja no seu todo. De facto, muita coisa, a partir daquela data, vai melhorando a medida que o tempo vai exigindo melhoramentos. Por isso, volto a dizer que não se trata de nenhuma alteração, não há nenhum novo conceito ou uma nova estruturação administrativa; é a dinâmica que o tempo exige. A Igreja precisa acompanhar os tempos, naturalmente.
RELAÇÃO COM O PROFETA SIMÃO TOCO
“Tivemos uma relação de pai e filho
- a minha humilde casa era dele também”
UT - E como é que o bispo Osório Marcos se converteu ao Tocoísmo?
BOM - Quanto a minha conversão, eu converti-me no Tocoísmo aos oito anos de idade, mais concretamente no dia 6 de Julho de 1960. Portanto há 59 anos; na companhia dos meus pais.
UT - Conheceu pessoalmente o profeta Simão Gonçalves Toco? Qual era a vossa aproximação, a vossa relação?
BOM - Conheci pessoalmente o dirigente Simão Gonçalves Toco, pela primeira vez, no dia 31 de Agosto de 1974, data que desembarcou no Porto de Luanda, do navio “Infante Dom Henrique”, vindo dos Açores. A nossa relação era, não só de um líder espiritual para com o seu membro ou seu seguidor, era muito mais. Tivemos uma relação de pai e filho. O nosso Dirigente visitou-me, pela primeira vez, pouco depois do meu casamento, isto em Fevereiro de 1975. De lá até a data do seu desaparecimento físico a minha humilde casa, a minha humilde residência, era dele também. Recordo-me com muita saudade de todos os momentos e todos os conselhos que recebi do tio Simão Toco, nosso eterno dirigente. Por isso, talvez seja esta uma das razões que me levam a não confundi-lo com qualquer outra pessoa, por mais semelhança que esse alguém tenha. Simão Toco deu-me a oportunidade de conhecê-lo física e espiritualmente. Por isso não cesso, na verdade, de agradecer a Deus pelo privilégio de ter conhecido alguém tão especial como é Simão Gonçalves Toco.
UT - Houve acções do profeta Simão Gonçalves Toco, no exercício da sua liderança, com as quais o irmão Osório Marcos não concordava? Alguma decisão, alguma postura?
BOM - Não, senhor! Não há. Nesse caso concreto, não há.
PROFETA OU CRISTO NEGRO?
“O mais importante é estar certo
de que Simão Toco foi um enviado de Deus”
UT - Os tocoístas, em geral, o reconhecem como um profeta; muitos o consideram como “Jesus Cristo”. Como é que o bispo Dom Osório Marcos o reconhece e o considera? Em outras palavras: como é que o bispo define Simão Gonçalves Toco?
BOM - Eu entendo que reconhecer Simão Gonçalves Toco como profeta ou como “Cristo Negro” não é o mais relevante. Depois que o homem se afastou de Deus, em Adão, por causa do pecado, Deus procurou várias outras formas de aproximá-lo junto de si, para salvá-lo, enviando diversos mensageiros através dos patriarcas, dos profetas, dos anjos, até que, por último, teve que enviar o Seu próprio filho, Jesus Cristo. Neste caso concreto, para mim, o mais importante é estar certo de que Simão Gonçalves Toco foi um enviado de Deus. Independentemente de ser enviado na condição de profeta ou na condição de “Cristo Negro”, Simão Gonçalves Toco foi um enviado de Deus. Esta é a minha opinião.
RELAÇÃO “ESTADO – IGREJA”
“A Igreja passou por momentos muitos difíceis;
principalmente, o líder”
UT - Qual é a descrição que o bispo Osório Marcos faz da relação que existia entre a Igreja Tocoísta e a sociedade angolana, particularmente, a sociedade luandense, antes e logo depois da independência, naquela altura da efervescência dos grandes problemas, grandes conflitos políticos, que existiam e que tinham consequência nas relações religiosas?
BOM - A Igreja passou por momentos muitos difíceis; principalmente, o líder. A vida de Simão Gonçalves Toco não foi fácil. A descida do Espirito Santo em África, que marcou a relembrança da Igreja ou o início da Igreja, registou-se a 25 de Julho de 49. Três meses depois Simão Toco é preso e todos seus correligionários são enviados para Angola. Em Angola, as autoridades portuguesas na altura procuravam sempre isolá-lo com sucessivos desterros para dificultar, ou mesmo para impedir, o avanço da sua missão. Fracassada essa tentativa, decidiram enviá-lo para mais longe, na ilha portuguesa dos Açores. Mas nada disso conseguiu impedir o propósito de Deus. E, quer durante o tempo em que esteve desterrado em Angola - 12 anos; como nos Açores - 11 anos; sob uma rigorosa vigilância da PIDE-DGS [Polícia Internacional e de Defesa do Estado - Direção-Geral de Segurança], foram, estes mesmo períodos, muito difíceis. Mas também foi nessa mesma fase, ou nesse mesmo período, que a Igreja mais se fortaleceu e cresceu, espalhando-se por todo o território nacional, e não só. Com o seu regresso, em Angola - em 1974, Agosto, ano em que os movimentos de libertação de Angola, nomeadamente, o MPLA, a FNLA e a UNITA, também regressavam das matas, todos animados e a espera do 11 de Novembro de 75 para a proclamação da independência - infelizmente, o que aconteceu depois todos sabemos, não interessa repetir aqui. A Igreja Tocoísta não escapou da fúria. No período entre 1976 a 1979, aqui em Luanda, Simão Gonçalves Toco sofreu quinze prisões e a Igreja foi encerrada. A dor foi ainda maior porque estávamos já numa Angola independente, e entre nós, irmãos angolanos.
UT - Falou das prisões que o profeta Simão Gonçalves Toco sofreu e, consequentemente, os tocoístas também sofreram logo depois da Independência. E recentemente o governo angolano lançou o Plano de Reconciliação em Memória das Vítimas dos Conflitos Políticos em Angola. Acha que esse plano de reconciliação do governo angolano abarca os tocoístas?
BOM - O plano lançado pelo governo refere-se aos conflitos de guerra entre 1975 até ao ano 2000. Portanto, guerra. É um programa claro, transparente, onde para além de todos os órgãos convidados a participar, alguns líderes das Igrejas também são convidados a participar dando a sua contribuição. Mas isso referindo-se concretamente aos conflitos de guerra. É um outro assunto.
TOCOÍSMO DESMEMBRADO
“Nós, os Anciãos e Conselheiros,
somos os remanescentes da Direcção Central da Igreja”
UT - Com o advento do desaparecimento físico do profeta Simão Gonçalves Toco a Igreja acabou por dividir-se em várias partes. Que leitura faz desse fenómeno de desmembramento, essa transformação da Igreja em alas?
BOM - Bom, com o desaparecimento físico do dirigente dos tocoístas e fundador da Igreja, em Janeiro de 84, agravada a condição por parte de alguns responsáveis em sucedê-lo e assumirem a liderança da Igreja, a falta de conhecimento bíblico e a ausência de maturidade espiritual, etc., etc.; tudo isto contribuiu para que eclodissem no seio da Igreja momentos de incompreensões, que resultaram no surgimento de divisões e desmembramento. A primeira divisão na Igreja Tocoísta surge 60 dias após a morte do Dirigente porque alguns defendiam que a Igreja deveria observar um período de luto durante 60 dias; e outros defendiam 90 dias. Os dois grupos divergiam-se baseando suas teses em mensagens espirituais trazidas através de corpos-vate. Resumindo, não se conseguiu encontrar consenso, e isto devido a má interpretação da mensagem espiritual. Pouco depois, o grupo que defendia 60 dias também se divide; e surgem assim as primeiras três facções, três alas tocoístas. A saber: grupo dos “12 Mais Velhos”, que defendiam 60 dias; grupo das “18 Classes e 16 Tribos”, que também defendia 60 dias; e o grupo dos “Anciãos e Conselheiros da Direcção Central”, que defendia 90 dias. Os dois primeiros grupos formaram inicialmente uma aliança (que durou pouco tempo), que tinha como objetivo principal, segundo a leitura feita, era para abafar mais facilmente o grupo da “Direcção Central”, que na altura se propunha a continuar e seguir fielmente a linha doutrinária do fundador Simão Gonçalves Toco.
UT - Com qual das partes o bispo Osório Marcos se identificou?
BOM - Eu na altura identifiquei-me, e continuo a identificar-me - mantive, e continuo mantendo-me, na parte que sempre foi a Direcção Central da Igreja: os "Anciãos e Conselheiros da Direcção Central", constituída e formada pelo próprio Dirigente. É esta Direcção, nomeada pelo Dirigente no momento da sua partida para os Açores, na condição de desterrado, em que ele mesmo permaneceu a frente. Esta Direcção que permaneceu a frente da Igreja até a data do desaparecimento físico do Dirigente. Portanto, é neste mesmo grupo, nesta Direcção, ou seja nesta ala, onde me encontro até a presente data. Foi desta Direcção, dos Anciãos e Conselheiros, de onde todos os outros grupos partiram, desmembrando-se. Portanto, os que nele se mantêm são os remanescentes. Nós, os Anciãos e Conselheiros, somos os remanescentes da Direcção Central da Igreja. Todos os outros partiram da Direção Central da Igreja.
UT - O estado angolano, nos anos 90, acabou por reconheceu oficialmente três denominações com a mesma sigla (INSJCM-Os Tocoístas). O quê que o bispo Osório Marcos achou dessa atitude?
BOM - Foi uma atitude muito sensata. Logo depois do desaparecimento físico do Dirigente a Igreja entrou na fase mais dolorosa da sua história. Surgiram no seio da Igreja vários grupos, todos eles reclamando autenticidade. Alguns agiam com atitudes subversivas que obrigaram a intervenção das forças da ordem do Estado e, por conta disso, muitos tiveram que ser enviados para São Nicolau e outras cadeias, por subordinação a lei. Com o passar do tempo, e porque nos anos 90 operaram-se algumas transformações no país, o Estado angolano, como forma de apoiar e ajudar na resolução desses problemas sensatamente, optou pelo reconhecimento das três principais [partes] – os “12 Mais Velhos”, os “Anciãos e Conselheiros da Direcção Central” e o grupo das “18 Classes e 16 Tribos”. A partir daí, a Igreja, pela primeira vez, passou a viver momentos mais calmos e começou a notar-se em cada grupo algum esforço para recordar aquilo que cada um pude reter ainda dos ensinamentos ao longo do tempo em que esteve física e espiritualmente entre nós, o nosso Dirigente, o dirigente de todos os tocoístas, Sua Santidade Simão Gonçalves Toco.
UT - Sabe-se que a INSJCM-Ancião e Conselheiros da Direcção Central, dirigida pelo senhor bispo, terá sofrido também algum desmembramento. O quê que o senhor tem a dizer sobre isso?
BOM - Esse tempo é muito difícil falar de qualquer desmembramento ou fazer algum comentário a respeito, quer a nível das organizações, como nesse caso concreto, da Igreja. A nossa Constituição diz que o Estado angolano é laico. Reconhece e respeita as diferentes confissões religiosas as quais são livres de exercer as suas actividades nos termos da Lei. Também define muito bem o que é a crença. Crença como sendo crer em algo. E esse crer – a crença, é protegida por Lei. Católicos e protestantes têm, por exemplo, o mesmo líder fundador, Jesus Cristo; a mesma base doutrinária, a doutrina do amor; a mesma base de orientação, a Bíblia Sagrada, etc, etc. Mas as pequenas ou as grandes diferenças internas são as que distinguem uns dos outros. A saudável convivência entre todos baseia-se no princípio de respeito à diferença. Ou seja, saber respeitar a diferença, saber viver na diferença, para que seja possível a chamada unidade na diferença. Para nós, Anciãos e Conselheiros da Direcção Central, quando alguém que compartilhou conosco a mesma regra de fé, os mesmo princípios doutrinários, etc, etc, a dado momento decide seguir uma outra corrente de fé, desmembrando-se, o que temos feito é respeitar a decisão desse irmão. A nossa relação para com ele passa a ser aquela que temos com todos outros irmãos de diversas denominações diferentes da nossa. O que se deve prevalecer nesse caso é o respeito. respeitando naturalmente a decisão desse irmão, que a dado momento decide seguir outra corrente. Portanto, essa é a nossa posição.
“ANCIÃOS E CONSELHEIROS” E OUTRAS DIRECÇÕES
“São essas questões [princípios de fé]
que nos dividem e nos diferenciam uns dos outros”
UT - Na época em que foram reconhecidas as três partes, os Anciãos e Conselheiros da Direcção Central estavam sob a direção do irmão Lutango [Luzaísso António Lutango]. Qual é a diferença entre os “Anciãos e Conselheiros” liderados pelo irmão Lutango e os “Anciãos e Conselheiros” liderados pelo bispo Osório Marcos?
BOM - É certo! Na altura do reconhecimento das três direcções, a direcção dos “12 Mais Velhos” foi liderada pelo irmão Muanga Pedro; a das “18 Classes e 16 Tribos” foi liderada pelo irmão Gabriel Simão Manuel; e os “Anciãos e Conselheiros” estavam liderados pelo irmão Luzaísso António Lutango. Não há nenhuma diferença entre os “Anciãos e Conselheiros” liderados pelo irmão Luzaísso António Lutango e os “Anciãos e Conselheiros” que eu lidero neste momento. A Igreja foi reconhecida em 1992. Caminhamos nestes grupos de 92 até o ano 2000. Durante este processo houve - sim! - várias tentativas de reaproximação. Entretanto, e infelizmente, no ano 2000 surge uma outra nova ala no seio dos tocoístas. Essa nova ala consegue congregar e arrastar junto de si alguns responsáveis dessas direcções [as três já reconhecidas], entre eles, o irmão Luzaisso Antonio Lutango. O irmão Luzaisso Antonio Lutango abandonou a liderança dos “Anciãos e Conselheiros”, juntou-se a essa nova ala, denominada "Direcção Universal", do bispo Afonso Nunes. É onde ele pertence. Nós, somos os remanescentes de “Anciãos e Conselheiros”. E porque o trabalho da Igreja deveria, tinha que continuar, a igreja reorganizou-se naturalmente: convocou um congresso extraordinário onde teve que preencher todas as vagas deixadas vazias pelos irmãos que abandonaram a direcção da Igreja. Resumindo, não há uma outra direcção dos Anciãos e Conselheiros. Não há diferença entre uma e outra. Esta é a continuidade. O irmão Luzaisso Antonio Lutango foi – sim! - o representante dos “Anciãos e Conselheiros” desde a sua nomeação até o ano 2000, data que ele decidiu voluntariamente abandonar a direcção aliando-se a direcção de Afonso Nunes.
UT - Quais são as principais diferenças entre a Igreja Tocoísta dirigida pelo bispo Osório Marcos e as outras Igrejas Tocoístas (considerando todas, tanto as reconhecidas e as não reconhecidas)?
BOM - Eu tenho como princípio não falar do que os outros fazem ou deixam de fazer; ou o que outros creem ou deixam de crer. Nosso propósito é servir a Deus com todas nossas forças, fazendo o melhor possível, o melhor que pudermos, como forma de agradarmos a Deus, Nosso Pai, Nosso Criador. Nesse sentido, nós [os Anciãos e Conselheiros da Direcção Central] expressamos os nossos princípios de fé resumidos em três documentos declaratórios. Naturalmente, os outros também devem ter os seus documentos, os seus princípios de fé. São essas questões que, naturalmente, nos dividem São essas questões que nos diferenciam uns dos outros. No nosso caso concreto, nós temos os Princípios de Conduta Cristã Tocoísta, com os seus artigos; temos os Princípios de Doutrina Cristã Tocoísta, com seus artigos; temos a nossa Declaração de Fé Tocoísta, com 24 artigos. Portanto, os documentos básicos do princípio de fé onde assentam naturalmente os nossos princípios. Os outros, não posso entrar em pormenor, porque não sei os seus princípios de fé, os seus princípios de doutrina de base.
UT - A comunidade Tocoísta que o bispo encabeça mantem os mesmo preceitos deixados pelo profeta ou teve algumas mudanças também nesse aspecto?
BOM - Nós mantemos. Mantemos tudo aquilo que foram os preceitos da Igreja deixados pelo fundador Simão Gonçalves Toco. Uma das razões é essa, de mantermo-nos nessa direção por ele criada. E mantemos fielmente todos os preceitos deixados pelo fundador da Igreja.
MENSAGEIROS EM NOME DE SIMÃO TOCO
“A sua conduta, a mensagem que traz, é que lhe devem identificar”
UT - No decurso dos anos seguintes, depois do falecimento do dirigente, várias pessoas apresentaram-se como mensageiros vindo em nome do profeta Simão Gonçalves Toco. Que análise é que faz desses aparecimentos? O bispo acreditou nesses aparecimentos? Porque acreditou ou porque não acreditou?
BOM - Se acreditei, porquê? E se não acreditei, também porquê? Eu penso que o profeta Jeremias no seu livro pode responder essa pergunta. Jeremias 14:14 diz o seguinte: “disse-me o senhor: os profetas profetizam mentiras em meu nome; nunca os enviei, nem lhes dei ordem, nem lhes falei; visão falsa, adivinhações, vaidade e engano no seu íntimo são o que eles vos profetizam”. Jeremias 23:21 diz o seguinte: “não mandei esses profetas, todavia eles foram correndo; não lhes falei a eles, contudo, profetizaram”. Durante esse período do desaparecimento físico do nosso dirigente, houve – sim! - alguns que apresentaram-se como mensageiros, como enviados, enfim. A semelhança dessa última ala, por exemplo. Nós, para identificarmos se a mensagem é profética, é verdadeira ou não – o próprio profeta Jeremias numa da sua mensagens orienta-nos como e em que condições devemos saber se a mensagem, se a profecia, é verdadeira ou não. Portanto, mediante aquilo que é a prática, aquilo que eles dizem; e se as suas acções condizem, na verdade, com aquilo que é a conduta do nosso dirigente. Nós - esta geração e eu pessoalmente... Tive a graça de o conhecer e bem; dificilmente posso ter dificuldades de identificar alguém que se diz vir enviado por este ou por aquele, porque a sua prática a sua maneira de ser, a sua conduta, a mensagem que traz, é que lhe devem identificar, E essa é que devemos aceitar ou não aceitar.
“NTAYA - CIDADE SANTA”
“Não é uma preocupação para os Anciãos
e Conselheiros – pelo menos neste momento”
UT - Para muitos tocoístas, a aldeia de Ntaya-Maquela do Zombo é “a Cidade Santa do Grande Rei” e sede espiritual. Qual é o lugar de Ntaya na concepção da direcção dos Anciãos e Conselheiros?
BOM - A aldeia de Ntaya-Maquela do Zombo ser ou cidade santa do grande rei ou sede espiritual, não é uma preocupação para a Direcção Central dos Anciãos e Conselheiros. Pelo menos neste momento. A as coisas reveladas são para os homens e as não reveladas devemos deixar para com Deus, aguardando para quando Deus as revelar. Mas permita-me fazer um breve resumo do que sei sobre a aldeia de Ntaya-Maquela do Zombo. Em 1962 devido a situação que se vivia no Norte de Angola entre o exército português e os movimentos de libertação de Angola, neste caso concreto a UPA-FNLA, por conta disso as populações foram obrigadas a abandonar as suas aldeias refugiando-se para as matas. Dada a gravidade da situação, e perante a incapacidade do governo português, entre aspas, tropas portuguesas, de controlar tal situação, estes entenderam que a pessoa que poderia lhes ajudar a convencer as populações a regressarem das matas para as suas aldeias era Simão Gonçalves Toco. É assim que Simão Toco é solicitado para esta missão. E, para o cumprimento da mesma missão, fez-se acompanhar dos senhores Domingos Kibeta, Luvualu David e João Sivi. Isto em Junho de 62. Como o regresso das populações das matas, o senhor dirigente entendeu que devia localizar uma área na mesma região do Ntaya com o objectivo de formar uma aldeia para os tocoístas vindos das matas e não só. Localizado o espaço, organizou e formou a referida aldeia dizendo que esta seria chamada a Cidade Santa da nova Ntaya-Maquela do zombo e ali seria a futura Missão Tocoísta. Portanto, essa é a designação dada por Simão Gonçalves Toco àquela aldeia e naquela altura. Assim foi fundada a aldeia, no dia 8 de Agosto de 1962. Disse que essa aldeia futuramente será a Cidade Santa de nova Ntaya-Maquela do Zombo e ali seria a futura missão tocoísta.
FORMAÇÃO BÍBLICA TEOLÓGICA
“Formação não visa lucro - apenas
no quadro de preparar obreiros para a Igreja”
UT - Falou da escola bíblia. Gostaria de saber quais são os principais temas de estudo ministrados e, se a escola é também aberta a outras pessoas. Se, além de formar pastores que sejam membros da Igreja, forma também pessoas que não sejam tocoístas. E, se é também uma escola que visa lucros – lucro material além do lucro espiritual.
BOM - É uma instituição de formação de obreiros, logo não visa lucro; apenas no quadro de preparar obreiros para a Igreja. Foram criadas todas as condições para essa formação bíblica, numa primeira fase, atenda apenas os membros da nossa Igreja. Estão a ser criadas todas as condições para ser mais abrangente; irmãos de outras denominações que queiram também formar-se nesta área através da nossa instituição, poderão fazê-lo. Temos programas que vão desde o catecismo para todas as idades e categorias, aos níveis de licenciatura, mestrado e doutoramento em Teologia. Existem outros programas específicos para formação de obreiros. Complementamos também o estudo a distância. Neste momento, o programa como é abrangente, abrange todo o território nacional. Há estudantes que vão estudando a distância e nas datas programadas, aprovadas, juntam-se para aperfeiçoamento, tirar dúvidas, enfim.
UT - Já é possível contar com uma produção literária acadêmica dos tocoístas que saem da escola de formação da Igreja? Nota-se um défice na produção de estudos bíblicos tocoístas.
BOM - Temos muitas obras literárias. Também nós temos uma parceria com o instituto teológico inter-denominacional, no Brasil [a FACTEL]. Algumas obras nossas já se encontram naquele instituto a ser utilizadas na formação de obreiros. Ultimamente, nessas actividades que tivemos, fizemos lançamentos de duas obras: Esboços de Teologia Sistemática e o Compêndio Bíblico Teológico Doutrinário, da minha própria autoria. Temos outro também; foi lançado agora: o Ensaio Apologético - este é o tema do livro, trata de heresias ou cristianismo autêntico.
UNIFICAÇÃO E FUTURO DA IGREJA TOCOÍSTA
“O que gostaríamos, numa primeira fase,
não é nos preocuparmos por uma unidade física”
UT - Na sua opinião, qual é o futuro das Igrejas de Nosso Senhor Jesus Cristo no Mundo – Os Tocoístas, das várias denominações tocoístas diante da nova Lei sobre a liberdade de culto e religião recentemente promulgada?
BOM - Bem! Não é a Lei sobre a liberdade de culto e de religião que determina o futuro ou não das igrejas. E nesse particular, da INSJCM. A Constituição angolana define que o Estado angolano é laico e respeita as diferentes confissões religiosas as quais são livres de exercer as suas actividades nos marcos da lei. Repito, sublinho: nos marcos da lei. Significa isto dizer que o futuro da Igreja só depende de cada igreja, exercendo as suas actividades dentro dos marcos da Lei. No nosso caso, tocoísta, o Estado angolano reconheceu três alas. Se existem outras tocoístas não reconhecidas e que exerçam alguma actividade fora dos marcos da Lei, elas próprias é que estão a comprometer o seu trabalho. O Estado, através dos órgãos competentes, naturalmente, pode e deve fazer respeitar a Lei. Portanto, no que toca as igrejas, no quadro das tocoístas, é o que tenho a dizer.
UT - A Igreja que dirige também foi consultada na época de auscultação sobre essa Lei?
BOM - Fomos, sim, consultados. E acompanhamos todo o programa sobre a actualização da Lei das igrejas.
UT - Qual é a sua antevisão quanto a união das várias denominações tocoístas numa única instituição? Quais seriam os critérios, quais são os caminhos para que essa união aconteça? Ou será que estamos fadados a ver desmembramentos constantes na igreja?
BOM - Nossa principal preocupação não deve ser apenas quando é que estaremos todos a trabalhar juntos. Eu penso que o passo número um é saber respeitar a diferença. Primeiro, saber viver na diferença. Isto é que vai permitir com que, respeitando-nos mutuamente, as condições de aproximação se confirmem. Por outro lado, aquilo que nos separa não é apenas aquilo que, muitas vezes, se diz - “os tocoístas são os mesmos, a doutrina é a mesma, o fundador é o mesmo, mais ‘não-sei-o-que’..." - não é bem verdade. Há diferenças doutrinárias, há inversão. Não vamos dizer que nós é que estamos certos, os outros é que estão errados, mas cada um tem a sua forma de interpretar uma determinada mensagem. Eu vou dar um exemplo: se nós, numa determinada fase, tínhamos como princípio aquele que é a encarnação, uma doutrina comum; e, a dado momento, dentre nós, alguém diz: “eu já não me revejo neste princípio, nesta doutrina”, não temos como, naturalmente, caminharmos juntos. No próprio cristianismo, o quê que levou à primeira rotura da Igreja no Século 16? São interpretações bíblicas! Hoje a situação é aquela lá que se viveu – sim, senhor! – mas, como depois, mais tarde, veio a prevalecer o respeito pela diferença, católicos e protestantes convivem normalmente. Estão unidos. Portanto, aquilo que nós gostaríamos, numa primeira fase, não é nos preocuparmos por uma unidade física; congregados todos num só lugar, mas distantes - o pensamento distante, os corações distantes, uns dos outros. Não é isso. Em primeiro lugar devem-se criar – sim! - condições respeitando essas diferenças. E esse respeito pelas diferenças é que vai fazer com que possamos, juntos, discutir determinadas doutrinas, determinadas interpretações, que cada um faz; tentar o reaproximar, e encontrarmos o denominador comum, que nos possa, naturalmente, unir nesse sentido. Portanto, essa é a minha forma de ver. A unidade é sempre bem-vinda. Nós temos estado a trabalhar naturalmente para a unidade da Igreja e devemos continuar a trabalhar nesse sentido. E todos que trabalham nesse sentido são bem-vindos – sim, senhor! A Igreja está aberta. Estamos disponíveis, dispostos em colaborar em tudo o que for necessário para a unidade da família tocoísta, mas devemos – sim! - em primeiro lugar, saber trabalhar na unidade respeitando a diferença. Este é o passo que nos poderá, naturalmente, conduzir para os próximos passos.
SUCESSÃO NA LIDERANÇA DA IGREJA
“Continuarei a exercer a minha actividade pessoal
e irei dedicar-me mais na formação de obreiros”
UT - Qual é o critério de sucessão na liderança, estabelecido pela Direcção dos Anciãos e Conselheiros? Ou seja: como é que será a saída do bispo Osório Marcos da liderança da Igreja?
BOM - O nosso estatuto prevê um mandato de quatro anos renováveis para os representantes. Mas o 4º Congresso da Igreja, realizado em 2009, (através da Resolução Nº9/9, de 26 de Julho) decidiu alterar esse tempo para os representantes gerais, passando para tempo indeterminado, salvo se por motivo de força maior, ou por alguma incompatibilidade, devidamente comprovada pela Direcção Central da Igreja. Portanto, isto em relação aos mandatos.
UT - E quando o senhor sair, o que é que está prevendo fazer?
BOM - Na Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo no Mundo, concretamente nós – Anciãos e Conselheiros da Direcção Central, os dirigentes e todos os outros obreiros empregam-se na obra como voluntários. Isto é, sem remuneração salarial, nem algum subsídio, ou uma outra regalia. Cada um tem a sua actividade de sobrevivência. Respondendo directamente a pergunta: eu continuarei a exercer a minha actividade pessoal, tal como hoje. Em relação a Igreja, irei dedicar-me mais na formação de obreiros, ou numa outra actividade que, eventualmente, a Igreja venha, ou queira indicar.
MENSAGEM AOS TOCOÍSTAS
“O Tocoísmo é só um. Somos todos tocoístas.
O mandamento-mãe é amarmo-nos uns aos outros.”
Gostaria de dizer que o Tocoísmo é só um. Ainda estamos na fase de comemorações dos 70 anos. E, independentemente de onde cada um se encontra, da Direcção [facção] a que cada um pertence - daqueles que seguem fielmente o Tocoísmo, ou não; daqueles que, por várias razões, afastaram-se um pouquinho, distanciaram-se um pouquinho do Tocoísmo - o Tocoísmo é só um. Somos todos tocoístas. Somos uma família tocoísta. Cada um, na posição em que se encontra, deve procurar fazer o melhor possível, tendo como base o mandamento-mãe, o mandamento básico, no qual o nosso dirigente sempre se debateu; sempre ensinou-nos: amarmo-nos uns aos outros. Essa é a mensagem que eu gostaria de deixar para todos, todos nós, os tocoístas.