INFORMAÇÃO E EVANGELIZAÇÃO

DOSSIÊ
DO DESTERRO À INDEPENDÊNCIA DE ANGOLA
"O PROFETA GUERRILHEIRO"(4):
«ELE É PERCURSOR DO MOVIMENTO
DE LIBERTAÇÃO DOS ANGOLANOS"
N. Talapaxi S. - 24/Fevereiro/2019 NoFimDoTexto

SA - Qual é o lugar de Simao Toco na historia do país no percurso para a independência.
MJB - A partir da «descida do espírito» que praticamente o profeta Simão Gonçalves Tôco já tinha no seu espiritual a ideia de que para a África, que estava no julgo colonial, o destino seria libertar-se da colonização. Assim, as conferências organizadas quer no Kaliná, em Leopoldville, como em Sonabata, com a presença de missionários e de muitos outros convidados, vieram para rezar com os angolanos e com a comunidade africana sobre essa ocupação.
SA - Quer dizer que naquela altura – em 1949, essas conferencias protestantes já refectiam sobre a libertação do continente africano?
MJB - A historia reza muito bem que havia três angolanos que tinham que rezar – estava o reverendo Chipenda, estava o reverndo Almeida e estava o nosso velho Simão Toco. A missão dele seria rezar especialmente para a libertação espiritual do angolano. Assim foi. E a partir desse momento as manifestações eram sentidas na vibração, nas canções, nas rezas. E tendiam para a libertação, fundamentalmente para a libertação de Angola e do homem africano.
SA – Pode-se dizer que Simão Tôco tenha sido um antecessor no quadro do movimento de libertação angolana?
MJB – Naturalmente. Ele é percursor do movimento de libertação dos angolanos. Falava criticamente por essa libertação contra a colonização belga e contra a colonização portuguesa. Assim aconteceu a sua prisão juntamente com o meu pai(2) e muitos outros. Foi em «49», eu tinha dois anitos. Lá na prisão de Ndolo eram maltratados, comiam mal, eram xingados, eram insultados. Isso começou toda uma campanha espiritual nesse sentido da libertação. Reafirmou que o caminho está a frente e a frente está Deus.
SA – Sabe-se que a condição de presos no Congo-belga continuou praticamente em Angola.
MJB - Graças a essa determinação é que desafiaram o colonialismo belga e assim os colonizadores belgas os entrega a PIDE que os encaminharam para Vale do Loge (Uige) e para outros campos de concentração, que praticamente eram prisões. Não podiam fazer absolutamente nada, não tinham contacto com o mundo. Mas imbuídos do espírito trabalharam para erguer aquele Vale do Loge, já que era uma comunidade económica – havia plantações de café, de milho, palmeiras para a produção de óleo de palma. Tudo isso contribuiu para o levantamento de Angola, para Angola se tornar hoje livre e independente. Esse país que estamos a viver. Esse percurso é um percurso independentista, é um percurso nacionalista, é um percurso de preparação para a consciência. Na independência quem iria transformar a nossa realidade seria o angolano, a partir do momento que o angolano como a ter a consciência para a transformação que estamos a viver hoje, já estava delineados espiritualmente. Tudo isto é uma profecia. Já estava previsto.
Miguel Esteves Nakongo, pai de Mawete João Baptista, actual deputado do MPLA, foi um dos seguidores de Simão Tôco. No final de 1949 integrava um grupo de mais de 80 angolanos, todos tocoístas, que foram presos pelos colonizadores belgas, em Leopoldville (então Kinshasa), e expulsos do território congolês em Janeiro 1950, sendo entregues a PIDE (policia colonialista portuguesa) que, por sua vez, os mandou para outros cativeiros pelo país afora. Com o Semanário Angolense o político do partido governante manteve essa pequena conversa em prol da importância do fundador da INSJCM no contexto da conquista da Independência Nacional.

